BVRio expande internacionalmente o modelo de créditos de logística reversa para reduzir poluição de plásticos

 

BVRio expande internacionalmente o modelo de créditos de logística reversa para reduzir poluição de plásticos

O Mecanismo de Créditos 3R da Iniciativa 3R (Reduzir, Recuperar, Reciclar) é uma ferramenta que permite a negociação de créditos emitidos por atividades de recuperação e reciclagem de plásticos e outros resíduos em todo o mundo    

 

Rio de Janeiro, 21 novembro 2019 – BVRio, idealizadora do modelo inovador de Créditos de Logística Reversa no Brasil, está adaptando este mecanismo internacionalmente através a Iniciativa 3R (3RI). A Iniciativa 3R oferece o primeiro esquema mundial de créditos baseado no mercado para acelerar a recuperação e a reciclagem de plásticos e embalagens – o Mecanismo de Créditos 3R.

Com esse intuito, em Junho 2019 a BVRio lançou juntamente com a ONG Verra e as multinacionais Danone, Veolia, Nestlé e Tetra Pak, a Iniciativa 3R. A iniciativa conta também com a participação de Conservation International, South Pole, Systemiq, Natural Capital Partners e McKinsey.org  no seu Conselho Consultativo.    

 

A Iniciativa 3R é o primeiro esforço global projetado para reduzir a pegada plástica e de embalagens de empresas de bens de consumo, produtores, varejistas e outros, padronizando seus esforços e criando instrumentos negociáveis que podem aumentar as reduções por meio do Mecanismo de Créditos 3R.

O Mecanismo de Créditos 3R é uma ferramenta inovadora que permite a negociação de créditos emitidos por atividades de recuperação e reciclagem de plásticos em todo o mundo. Permite às empresas ir além das ações internas e apoiar projetos em que geram benefícios ambientais e sociais verificáveis.

“É emocionante fazer parte da criação de um esquema muito necessário para aumentar a recuperação de plásticos e as taxas de reciclagem globalmente. Esse mecanismo inovador 3R – Reduzir, Recuperar, Reciclar – é o resultado de esforços enormes de especialistas reunidos, arregaçando as mangas e assumindo o desafio de melhorar a coleta”, disse Mario Abreu, vice-presidente global de sustentabilidade da Tetra Pak. “Desenvolver e financiar soluções para mitigar possíveis vazamentos no meio ambiente é um dos principais objetivos do meu coração e apoia o objetivo da Tetra Pak de zero embalagens para aterros sanitários.” 

 

 

Além de combater o desperdício de plástico, o mecanismo de créditos também traz benefícios sociais diretos. Vimos que no Brasil, a utilização do Sistema de Créditos de Logística Reversa da BVRio resultou num aumento da renda dos catadores participantes do projeto piloto de 18% a 26%, melhorando consideravelmente suas condições de trabalho. No sudeste da Ásia, os Créditos 3R liberarão novos investimentos para lidar com a falta de infraestrutura de coleta e reciclagem de resíduos para reduzir a poluição de plástico. Mais de uma centena de potenciais projetos piloto de emissão de créditos direcionados a diferentes tipos de atividades de recuperação e reciclagem de plásticos e embalagens, serão desenvolvidos nos próximos anos na América Latina, África e Sudeste Asiático.  

“Até o momento, houve pouco investimento em esforços de recuperação e reciclagem de resíduos, especialmente nos países em desenvolvimento, onde o apoio é mais necessário”, disse Mauricio Moura Costa, Diretor da BVRio. ” A Iniciativa 3R criará um mercado internacional de créditos que, por sua vez, resultará em uma fonte de receita adicional para viabilizar investimentos em atividades de coleta e reciclagem de resíduos sólidos ao redor do mundo”. 

 


Histórico sobre o Sistema de Créditos de Logística Reversa da BVRio

 

A gestão de resíduos sólidos representa um grande desafio global. Atualmente, as cidades em todo o mundo geram em torno de 1.3 bilhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, e estima-se que essa quantidade se duplicará nos próximos vinte anos em países de baixa renda. No Brasil são produzidos aproximadamente 67 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, mas menos de 3% são reciclados. 

Em 2010 foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) afim de buscar soluções para o desafio da geração e eliminação de resíduos sólidos no Brasil. A legislação criou o conceito de responsabilidades compartilhadas para a coleta e destinação adequada de resíduos sólidos gerados por fabricantes, importadores, revendedores e distribuidores de setores industriais e comerciais. De acordo com a PNRS, esses atores devem assegurar a realização da “logística reversa” dos resíduos, ou seja, devem implementar sistemas para viabilizar a coleta e restituição dos resíduos ao setor empresarial para sua reintrodução no ciclo produtivo (reciclagem ou reutilização) ou para sua destinação final adequada.

Enquanto empresas e setor público tentam ainda hoje desenvolver meios de atender aos objetivos da PNRS, o Brasil atualmente conta com mais de 800.000 catadores de materiais recicláveis nas ruas, nos lixões e nos aterros sanitários. Por serem atores fundamentais na cadeia de gestão de resíduos, eles devem, segundo a lei, ser envolvidos na solução para os recicláveis.

Leia o Estudo de caso 

 

Em 2013, a BVRio criou o sistema de Créditos de Logística Reversa (CLR) para auxiliar as empresas a cumprir as suas responsabilidades legais, ao mesmo tempo remunerando os catadores pelos serviços ambientais de logística reversa e reciclagem que eles prestam a empresas, governos e sociedade como um todo. Considerando-se que, em muitos países em desenvolvimento, as atividades de manejo de resíduos são geralmente conduzidas por catadores informais e de baixa renda, este sistema tem o potencial de criar impactos sociais, econômicos e ambientais positivos em países em desenvolvimento.

Para testar o sistema e comprovar o conceito, a BVRio identificou empresas com pioneirismo que decidiram adotar o sistema de Créditos de Logística Reversa, mostrando liderança nos seus respectivos setores. Um projeto piloto foi conduzido com duas empresas líderes de bens de consumo no Brasil. Ao longo de um ano (abril 2014 – março 2015), Créditos de Logística Reversa foram vendidos a essas empresas através de uma plataforma de negociação, para “neutralizar” o impacto dos resíduos sólidos gerados por seus produtos. O piloto envolveu mais de 1.000 catadores de 30 cooperativas em 7 estados brasileiros que, voluntariamente, atenderam a essa demanda. Créditos de Logística Reversa relacionados a mais de 1.600 toneladas de resíduos sólidos foram transacionados ao longo de um ano, gerando mais de US$ 100.000 de renda para essas cooperativas, aumentando a sua renda entre 18 e 26%, dependendo do tipo e quantidade de material comercializado.

Através da compra de Créditos, as empresas utilizam e remuneram os serviços de logística reversa realizados pelas cooperativas de catadores. Para as empresas, o uso de Créditos oferece uma solução eficiente e econômica (os custos de logística reversa através do sistema de Créditos variaram entre R$0.0014 e R$0.0245 por unidade de embalagem) para adequação à lei. Para os catadores, a venda de créditos oferece uma importante fonte adicional de renda, agregando valor a suas atividades e trazendo um impacto social positivo.

Do ponto de vista ambiental, o valor adicional gerado pela venda de Créditos torna vantajoso aos catadores coletar mesmo os resíduos sólidos que tenham baixo valor de venda como matéria prima, ampliando a gama de produtos coletados. O sistema, além de promover a inclusão produtiva de catadores, é rastreável e auditável, mapeando o fluxo de resíduos através de documentos fiscais.

“O projeto piloto de créditos de logística reversa foi um sucesso. Infelizmente, desafios políticos na altura não permitiram a plena implementação do mecanismo. Estamos satisfeitos em poder expandir esse modelo no Brasil, através da demanda de compradores internacionais, assim como replicar esse modelo em outras partes do mundo.”, disse Luciana Freitas, Diretora do setor Resíduos Sólidos da BVRio e Secretária Geral do Observatório da Politica Nacional de Resíduos Sólidos (OPNRS).