Assinatura de acordo florestal é uma vitória no combate às mudanças climáticas

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento multissetorial composto por mais de 300 empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia, saúda a iniciativa tomada por mais de 100 líderes, entre eles o governo brasileiro, que aderiram à assinatura de um acordo mundial sobre a preservação das florestas, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), em Glasgow.

Os signatários da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo comprometeram-se a destinar mais de US$ 12 bilhões de fundos públicos e US$ 7,2 bilhões do setor privado para deter e reverter a perda florestal e a degradação de terra até 2030. Os países que se uniram à iniciativa têm em seu território o equivalente a 85% das florestas do mundo. O acordo é, desde já, um legado positivo da COP 26.

Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, ontem, dia 02/11, o Diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio, Beto Mesquita, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, disse que as metas que vem sendo estabelecidas no evento são louváveis, mas que a grande preocupação é se o governo conseguirá traduzir tudo isso em politicas publicas que honrem os acordos. “Implementando as áreas protegidas e protegendo e apoiando, especialmente os povos e comunidades tradicionais, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos que vivem e que dependem da floresta para seu modo de vida, sua sobrevivência. O apoio a essas populações resulta em florestas mais protegidas e isso implica em redução do desmatamento e redução as emissões”, ressaltou.

O desmatamento responde por cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa. Agora, a comunidade internacional enfim reconhece que a devastação das florestas não é mais aceitável, e que sua preservação é imprescindível para o enfrentamento à crise climática e a contenção do aumento da temperatura global a, no máximo, 1,5 grau Celsius, como reivindica o Acordo de Paris.

Ao aderir à Declaração, o Brasil demonstra uma necessária postura colaborativa à comunidade internacional, em um momento em que o país se encontra sob escrutínio pela incapacidade de reduzir sua taxa de desmatamento e por não demonstrar uma revisão suficientemente ambiciosa de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), ou seja, de seu compromisso para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

A Coalizão encoraja o Brasil a converter sua vontade política em ações concretas que serão vitais para o cumprimento do acordo florestal. Quinto maior emissor de gases de efeito estufa e com mais de 60% da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, em seu território, o país não pode se esquivar de sua responsabilidade para conter o aumento da temperatura global e assegurar o sucesso do Acordo de Paris.

O Brasil precisa demonstrar ao mundo que é possível alinhar a produção de commodities e de alimentos em larga escala com a conservação. O setor empresarial já conduz diversas iniciativas que indicam este caminho. O país deve investir no desenvolvimento e disseminação de tecnologias para o aumento da sustentabilidade no campo, como a rastreabilidade da cadeia de suprimentos.

Da mesma forma, como preconiza o acordo, precisa reconhecer que a evolução da economia florestal deve incluir as comunidades tradicionais, que são as guardiãs desses ecossistemas. Apenas 1,6% do desmate no país entre 1985 e 2020 ocorreu em terras indígenas, segundo levantamento divulgado em agosto pelo MapBiomas.

 

Fonte: Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura 

Foto: Banco de Imagens / Estadão Conteúdo