Publicação: Créditos de Logística Reversa
Terça-feira 18 abril 2017 BVRio publicou um relatório sobre Créditos de Logística Reversa – uma solução inovadora para a gestão de resíduos sólidos urbanos e que facilita a inclusão produtiva de catadores independentes de materiais recicláveis. O relatório descreve um mecanismo de mercado desenvolvido para incentivar a coleta, triagem e reciclagem de resíduos sólidos; revela os resultados prometedores de uma experiência piloto no Brasil conduzida com duas empresas líderes de bens de consumo, e oferece propostas para a expansão deste mecanismo globalmente.
O modelo de Créditos de Logística Reversa foi idealizado pela BVRio com o objetivo de facilitar o cumprimento da lei pelas empresas nacionais e multinacionais. Para testar o sistema e comprovar o conceito, a BVRio identificou empresas com pioneirismo que decidiram adotar o sistema de Créditos de Logística Reversa, mostrando liderança nos seus respectivos setores. Um projeto piloto foi conduzido com duas empresas líderes de bens de consumo no Brasil: O Grupo Boticário e Biscoitos Piraquê. Ao longo de um ano (abril 2014 – março 2015), Créditos de Logística Reversa foram vendidos a essas empresas através de uma plataforma de negociação, para “neutralizar” o impacto dos resíduos sólidos gerados por seus produtos, predominantemente tipos diferentes de plásticos e vidros.
Projeto Piloto
Esse piloto envolveu mais de 1.000 catadores de 30 cooperativas em 7 estados brasileiros que, voluntariamente, atenderam a essa demanda. Créditos de Logística Reversa relacionados a mais de 1.600 toneladas de resíduos sólidos foram transacionados ao longo de um ano, gerando mais de US$ 100.000 de renda para essas cooperativas. O preço médio foi de R$ 102.20 por Crédito e aumentaram a renda das cooperativas entre 18 e 26%, dependendo do tipo e quantidade de material comercializado. Para as empresas, os custos de logística reversa através do sistema de Créditos variaram entre R$0.0014 e R$0.0245 por unidade de embalagem. Esses custos são significativamente menores do que os que as empresas incorreriam se realizassem a logística reversa com equipes próprias.
Contexto
Em 2010 foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) afim de buscar soluções para o desafio da geração e eliminação de resíduos sólidos no Brasil. A legislação cria o conceito de responsabilidades compartilhadas para a coleta e destinação adequada de resíduos sólidos gerados por fabricantes, importadores, revendedores e distribuidores de setores industriais e comerciais. De acordo com a PNRS, esses atores devem assegurar a realização da “logística reversa” dos resíduos, ou seja, devem implementar sistemas para viabilizar a coleta e restituição dos resíduos ao setor empresarial para sua reintrodução no ciclo produtivo (reciclagem ou reutilização) ou para sua destinação final adequada. Enquanto empresas e setor público tentam desenvolver meios de atender aos objetivos da PNRS, o Brasil atualmente conta com mais de 800.000 catadores de materiais recicláveis nas ruas, nos lixões e nos aterros sanitários do Brasil. Por serem atores fundamentais na cadeia de gestão de resíduos, eles devem, segundo a lei, ser envolvidos na solução para os recicláveis. Empresas pioneiras buscaram soluções para cumprir com suas obrigações organizando, nomeadamente, um sistema de logística reversa com o empoderamento e inclusão produtiva de catadores independentes de materiais recicláveis. Uma abordagem positiva na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos tem o potencial de trazer benefícios socioeconômicos e ambientais sem precedentes e as grandes empresas, que lideram esse processo, tem a oportunidade de protagonizar um papel catalizador nessa transformação.
O modelo de Créditos de Logistica Reversa na prática
Através da compra de Créditos, as empresas utilizam e remuneram os serviços de logística reversa realizados pelas cooperativas de catadores. Para as empresas, o uso de Créditos oferece uma solução eficiente e econômica para adequação à lei. Para os catadores, a venda de créditos oferece uma importante fonte adicional de renda, agregando valor a suas atividades e trazendo um impacto social positivo. Do ponto de vista ambiental, o valor adicional gerado pela venda de Créditos torna vantajoso aos catadores coletar mesmo os resíduos sólidos que tenham baixo valor de venda como matéria prima, ampliando a gama de produtos coletados. O sistema, além de promover a inclusão produtiva de catadores, é rastreável e auditável, mapeando o fluxo de resíduos através de documentos fiscais. Considerando-se que, em países em desenvolvimento, as atividades de manejo de resíduos são geralmente conduzidas por catadores informais e de baixa renda, este sistema tem o potencial de criar impactos sociais, econômicos e ambientais positivos em muitos países em desenvolvimento.
O sistema de Créditos de Logística Reversa demonstrou através deste projeto piloto ser uma das alternativas mais eficientes e custo-efetivas para adequação das empresas à lei. Os resultados iniciais do piloto conduzido pela BVRio com Créditos de Logística Reversa, demonstram claramente que os custos por unidade de embalagem são apenas uma fração de centavo.
O modelo está pronto para ser utilizado e tem o potencial de proporcionar uma abordagem positiva do ponto de vista social, econômico e ambiental, contribuindo com a coleta e reciclagem de resíduos a nível nacional.