Com resultados além dos esperados, projeto de “pesca de resíduos” é estendido
O projeto “Pesca de resíduos”, executado pela BVRio em parceria com a empresa social italiana Ogyre, entra agora em uma terceira e ampliada fase, com a inclusão de 10 pescadores e um coordenador da colônia do Fundão, na Ilha do Governador, Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Com a adição de um terceiro time de pescadores, nos próximos 12 meses, a meta do projeto é coletar ao menos 150 toneladas de lixo do mar e dos manguezais dos arredores da Ilha do Governador, para serem destinados à reciclagem ou descarte adequado.
O Especialista em Economia Circular da BVRio, Pedro Succar, gerencia o projeto desde 2021. “Vimos em primeira mão que, mesmo sem medidas para conter a enxurrada de resíduos que entra na baía, é possível remover resíduos e promover a recuperação ecológica dos manguezais. Este impacto ambiental, aliado ao benefício socioeconômico para comunidades de pesca tradicionais, é muito promissor”.
“Concluímos com sucesso duas fases do projeto, tendo coletado mais resíduos do que o esperado. Ficamos satisfeitos em ver agora o projeto sendo ampliado. Hoje, o projeto ajuda a despoluir os ecossistemas da Baía de Guanabara, mas esse modelo tem potencial de beneficiar toda a costa brasileira”, disse Pedro.
Agora, um total de 33 pescadores vai dedicar dois dias por semana ao projeto para complementar sua renda, devido à escassez de peixes. Sebastião Nunes de Oliveira, mais conhecido como foca, disse como se sente fazendo parte deste projeto. “Eu pesco há trinta anos na Baía de Guanabara, por isso espero que o projeto dê certo. A gente está com um pessoal empenhado, querendo fazer a limpeza da Baía para melhorar a poluição”.
A BVRio facilita o monitoramento do trabalho de coleta por meio do aplicativo KOLEKT, desenvolvido com a Circular Action. O app registra as quantidades de material coletada pelos pescadores num formato eficiente para verificar e certificar a recuperação e a reciclagem dos resíduos, conforme normas reconhecidas.
Antonio Augeri, co-fundador da Ogyre, comentou: “O envolvimento das comunidades pesqueiras da região no Brasil é um passo crucial para o desenvolvimento da Ogyre, não só porque representa o início do processo de abertura da empresa além das fronteiras italianas, mas especialmente devido ao impacto desta decisão em nossa missão de limpar os oceanos com a ajuda de pescadores: o problema do resíduo no mar, de fato, é extremamente mais significativo no Brasil do que nos mares europeus.
Por sua vez, Andrea Faldella, também co-fundador da Ogyre, disse: “Os pescadores encontram no mar praticamente de tudo, desde colchões até televisores abandonados. Além disso, o temos uma vertente social igualmente importante: trata-se de áreas onde o valor investido pela Ogyre para a coleta de lixo é equivalente à remuneração que recebem nos bons dias de pesca, portanto, essa atividade se torna, em muitos casos, fonte de renda efetiva combinada à pesca habitual. E temos pescadores que, em certos dias da semana, só saem para coletar resíduos marinhos”.