Apoiando mulheres a desempenharem seus papéis na economia verde
A observância da ONU deste ano para o Dia Internacional da Mulher trás como tema a “Igualdade de Gênero hoje para um amanhã sustentável”, que reconhece o papel “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”, reconhece a contribuição de mulheres jovens e maduras, em todo o mundo, que estão liderando processos de adaptação às mudanças climáticas para construir um futuro mais sustentável para todos.
Na última década, a BVRio tem trabalhado a inclusão social como um valor central no desenvolvimento e promoção de mecanismos de mercado para fomentar a economia verde. Entendemos que todos devem se beneficiar de uma economia mais limpa e sustentável e buscamos apoiar grupos sociais mais vulneráveis em setores que atuamos.
Os dados sobre o número de catadores de lixo no mundo não são confiáveis devido à vasta informalidade do setor. Porém, desde 2002, a WIEGO (Mulheres no Trabalho Informal: Globalização e Organização) tem coletado dados que fornecem uma fotografia da indústria de resíduos informais. Em 2019, as cadeias produtivas destas indústrias representavam um terço da força total de trabalho do setor no Brasil, cerca de 84 mil mulheres. A WIEGO é uma rede global dedicada a melhorar as condições de trabalho das classes menos favorecidas, especialmente as mulheres, na economia informal.
A BVRio tem apoiado mulheres no setor informal de resíduos através do Hub de Ação Circular, onde cooperativas de gestão de resíduos lideradas por mulheres para conectarem financiadores para seus projetos. Falamos com lideranças femininas de alguns desses projetos sobre os desafios que elas enfrentam como mulheres e suas ambições e esperanças para o futuro.
“A Cooperativa é um espaço para promover a sororidade” Iara Meiri de Melo Moura Silva, 40 anos, mãe de dois filhos, começou a trabalhar no mercado de reciclagem há mais de 20 anos com sua mãe, que veio do Nordeste para o Rio de Janeiro aos 17 anos de idade. Iara é uma das líderes femininas em cooperativas de catadores no Estado do Rio de Janeiro, na Cooperativa Beija Flor. Por trás do amor pela profissão, há sempre uma história de grande força e inspiração da família que, em geral, trabalha unida, ensinando o ofício de coletar e separar para outras gerações. Leia aqui a história de Iara.
“A reciclagem foi uma oportunidade de trabalho no bairro de Jardim Gramacho, onde quase 40.000 pessoas dependiam do lixo para viver. Gerações inteiras viveram do lixão por mais de 30 anos. Mais de 10.000 toneladas eram despejadas todos os dias no maior lixão da América Latina”. Clarisse Aramian, co-fundadora da Cooper Ecológica. Leia o depoimento de Clarisse.
Ouvimos também a história de Glória de Souza dos Santos, 45 anos, uma mulher inspiradora e uma grande líder na comunidade onde vive e fundou a cooperativa ACERJ em 2019. Nascida em uma família tradicional de catadores de lixo no Rio de Janeiro, Glória trabalha há mais de três décadas no mercado de reciclagem. Foi criada em Laureano, bairro do Jardim Gramacho, o maior “centro de reciclagem do Estado do Rio de Janeiro”, onde junto com sua mãe e irmãos aprendeu a complexa tarefa de separar dezenas de materiais que chegavam ao “aterro controlado” no município de Duque de Caxias. Leia mais sobre o trabalho da Gloria.
Gláucia Souza, líder comunitária na Colônia de Pescadores Z-10, que também acompanha o Projeto Ogyre no Rio de Janeiro, comentou:
“Desejo que tenhamos mais mulheres na liderança e que as empresas sejam mais flexíveis ao escutar suas funcionárias. É preciso acreditar no trabalho das mulheres e valorizar o potencial de cada uma para encerrar essa desigualdade. As mulheres estão conquistando o seu espaço e agradeço a todas as catadoras que participam dessa jornada. Me sinto honrada de desfrutar dessa oportunidade junto ao projeto Ogyre em parceria com a BVRio. Na colônia de pescadores Z-10, podemos mostrar que a mulher também tem força, tem voz, tem competência e garra”.
Artesãs impulsionando a bioeconomia
A longa história da BVRio no apoio à conservação das florestas e ao comércio responsável de madeira resultou no apoio a artesãos. Uma série de iniciativas promoveram o crescimento de empresas de bioeconomia que operam na Amazônia brasileira, gerando melhor renda e capacitação para mulheres da região.
“Esta nova experiência mudou tudo em minha vida, porque antes eu não tinha uma renda familiar do jeito que tenho agora. Portanto, praticamente tudo mudou, inclusive minha rotina. Para mim é muito gratificante, venho trabalhar com alegria, com entusiasmo, é isso que eu gosto de fazer”. Valdirene Cardoso dos Santos, assistente na Moveleira Anambé, em Belterra, Pará, participou de um dos projetos de treinamento da Iniciativa Design & Madeira sustentável da BVRio, ministrado pela Designer Alessandra Delgado. Assista na íntegra no nosso canal do Youtube.
Perguntamos a algumas das empreendedoras da AmazoniAtiva quais mudanças devem ser feitas para melhorar a igualdade de gênero:
“Empreender é ressignificar o verdadeiro potencial latente em cada uma de nós. Acreditar é sempre o primeiro passo para a materialização de nossos objetivos. Nós mulheres somos capazes de fazer a diferença. Que possamos ser agentes de transformação. Nós mulheres da Saboaria Rondônia atuamos em linhas de frente, em uma comunidade rural onde mobilizamos outras mulheres para validar a habilidade de cada uma traz consigo e possa assim numa sincronia deixar registrado aquilo que temos para melhorar o nosso mundo. Mulheres, todas vocês são capazes. Acreditem, busquem materializar os seus sonhos. Sempre podemos ser como aquele beija flor do incêndio na floresta …por menor “gotícula de água que lançarmos ” , estaremos contribuindo com certeza em fazer a diferença. Que a igualdade de gênero seja efetiva e plena nas políticas públicas”, destaca Mareilde Freire de Almeida, sócia-fundadora da Saboaria Rondônia.
“Penso que o maior desafio seja evitar polarizar, dividir a sociedade entre homens e mulheres. Desejo que todos valorizem a família e a educação. Na minha visão, o importante é fortalecer o ser humano”, Zezé Freitas, empreendedora e farmacêutica na Ekilibre Amazônia.
A igualdade de gênero para a sustentabilidade: uma prioridade para a BVRio
O trabalho da BVRio está atrelado à adaptação, mitigação e resposta às mudanças climáticas, um esforço que é valorizado por toda nossa equipe, que tem a oportunidade de contribuir nesta área. O apoio à igualdade de gênero para a BVRio é uma prioridade, e temos orgulho de dizer que nosso atual quadro de funcionários possui um perfeito equilíbrio de gênero, de 50/50 em todas as funções, incluindo cargos de Direção. Perguntamos ao nosso time no Brasil e parceiros institucionais quais mudanças eles gostariam de ver sendo feitas nos próximos cinco anos para melhorar a igualdade de gênero.
“Respeito ao Não!”, Cláudia Jeunon, Diretora de Operações.
“Na minha opinião seria importante a igualdade de gênero na política com maior número de mulheres ocupando cargos políticos que naturalmente são ocupados por homens. Hoje, são poucas mulheres ocupando cargos políticos importantes como de deputadas federais e senadoras, sendo obrigação dos poderes constituídos propiciar condições reais para que as mulheres eleitas pelo voto popular participem nas mesmas condições que os homens da vida política, social, e cultural do país”, Rosângela Campello, assistente administrativa e financeira.
“Desejo ver o aumento da consciência social em todo o mundo de que a mulher pode ser e estar onde desejar. Que não existe coisa de menina ou menino. A aceleração da igualdade de gênero depende do reconhecimento de que as mulheres desempenham múltiplos papéis e, no curso da história, são também as protagonistas. A educação baseada na igualdade de direitos é a chave para a construção de uma geração mais humana e cooperativa. Claro, que essa mudança seja experimentada no dia a dia, em mais oportunidades de trabalho em todas as áreas, no pagamento de remuneração equitativa e respeito”, Flávia Ribeiro, Gerente de Comunicação e Marketing.
“Gostaria que não fosse natural homens estarem em posições superiores às mulheres na nossa sociedade. A construção de que eles devem ter melhores salários, posições de liderança, bem como ser maioria no Congresso é fruto de uma construção da própria sociedade e, para os próximos cinco anos, espero que esta ideia seja apenas uma constatação do que houve no passado”, Daniela Pires e Albuquerque, Gerente Jurídica.